Publicação: 20/03/2024
Fonte: Ambiental Mercantil Notícias
Este artigo foi elaborado pela colunista Luciana Figueras, Advogada e Cientista Política, e os membros Grupo de Pesquisa DESCOM.SUB.; Marcelo Igor, Laurelena Palhano, Luciana Figueras, Julia Fernandes, Elisa Nardin e Laís Bubach.
O descomissionamento de instalações de produção offshore de óleo e gás (O&G) é a última etapa do ciclo de vida produtivo de um campo. Com o aumento das preocupações ambientais e a busca por práticas sustentáveis, apresenta-se a necessidade de desenvolver abordagens para a execução das operações desta fase final do empreendimento que estejam adequadas a estes parâmetros.
No Brasil a demanda por projetos de descomissionamento offshore no setor de óleo e gás (O&G) é recente e vem crescendo aceleradamente.
De acordo com a Painel Dinâmico de Descomissionamento de Instalações de Exploração e Produção da a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustível (ANP) são esperados mais de R$ 51 bilhões em projetos de descomissionamento entre 2024 e 2027. Nesse valor estão inclusas atividades que vão do abandono e arrasamento de poço, remoção das estruturas e equipamentos submarinos e desmantelamento de plataformas.
Diante dos diversos desafios que esses projetos de descomissionamento e desmantelamento do setor de O&G traz, está o gerenciamento onshore das instalações descomissionadas. Na iniciativa de superar essa questão, a Petrobras adotou para as plataformas P-32 e P -33 um modelo de gestão verde para assegurar, dentre outras questões, o desmantelamento sustentável e a a destinação adequada dos materiais associados a estas unidades. Além disso está em curso a execução do contrato, na modalidade EPRD (serviço de engenharia, preparação, remoção e destinação final e alienação), para o recolhimento e destinação sustentável das linhas flexíveis do almoxarifado submarino (ALSUB).
No entanto, essa disposição para alcançar uma gestão sustentável necessita de contribuições de outros stakeholders.
Para isso, pesquisadores da COPPE/UFRJ, que fazem parte do Grupo de Pesquisa DESCOM.SUB coordenado pelo professor Marcelo Igor (LTS – COPPE/UFRJ), têm se dedicado ao estudo da cadeia de reciclagem dos dutos do descomissionamento offshore de óleo e gás, com o objetivo de subsidiar esse segmento da indústria com informações estratégicas para a formação do mercado de descomissionamento sustentável, dentre outras frentes dos inúmeros desafios que estas operações ainda representam. .
O Grupo de Pesquisa DESCOM.SUB (52 pesquisadores de mais de 12 áreas de conhecimento distintas) é formado por uma composição de equipes dos Laboratórios LTS (Laboratório de Tecnologia Submarina) e SAGE (Sistemas Avançados de Gestão da Produção) que vêm atuando de forma interdisciplinar, nos últimos sete anos em projetos de P&DI no tema de Descomissionamento de Instalações de Produção Offshore de O&G.
Dentre as produções deste Grupo está um método para apoio à tomada de decisão, com base em multicritérios, para auxilio na definição de alternativas de descomissionamento de sistemas submarinos de produção de óleo e gás, que contou desde 2018, sob a coordenação de Laurelena Palhano (Pesquisadora Doutora em Engajamento de Stakeholders), com a colaboração de empresas (mais de 120 empresas envolvidas), universidades (UFRJ, UFF, UFES, etc.), poder público (ANP, TCU, IBAMA, CNEN, MPT, etc), representantes de classes de trabalhadores (CUT, FUP, representante de pescadores, etc) e organizações atuantes nas áreas social e ambiental.
Também dentre os trabalhos do Grupo de Pesquisa DESCOM.SUB, está o estudo sobre a cadeia de reciclagem dos dutos flexíveis, coordenado por Luciana Figueras e executado com o apoio dos demais pesquisadores da equipe , tem como propósito estabelecer um diagnóstico do estado da arte da reciclabilidade de dutos flexíveis e umbilicais utilizados na indústria de O&G offshore, seguindo o racional da economia circular, ou seja, a reinserção deste materiais como matéria prima em novos processos produtivos.
Dessa forma, o grupo almeja colaborar com os órgãos competentes na produção de informações sobre o status do mercado de reciclagem para absorver os dutos descomissionados, bem como subsidiar, com critérios científicos, o debate setorial com vistas a regulamentação da logística reversa destes materiais.
Luciana Figueras é Advogada e Cientista Política. Especialista em Gestão Executiva em Meio Ambiente pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Mestranda em Desenvolvimento e Planejamento Territorial pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Presidente do Instituto Agenda Urbana Brasil e Técnica Nível Superior na Fundação COPPETEC para o Desenvolvimento de Soluções Sustentáveis para o Setor de Óleo e Gás.
Referências
- https://www.kincaid.com.br/reviravolta-no-rebid-do-almoxarifado-submarino/
- https://www.gov.br/anp/pt-br/centrais-de-conteudo/paineis-dinamicos-da-anp/paineis-dinamicos-sobre-exploracao-e-producao-de-petroleo-e-gas/painel-dinamico-de-descomissionamento-de-instalacoes-de-exploracao-e-producao
- https://www2.gerdau.com.br/noticias/plataforma-p-32-da-petrobras-adquirida-pela-gerdau-chega-ao-estaleiro-rio-grande-para-ser-desmantelada/